Ministério propõe tíquete para ampliar acesso do trabalhador à cultura

26/12/2006 - 7h44

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Cultura (MinC) espera começar 2007 com um novo programa destinado a garantiracesso em massa aos brasileiros a cinemas, teatro, espetáculos, livrose até CDs e DVDs. O Programa de Cultura do Trabalhador Brasileiro,conhecido como Tíquete Cultura, se encontra atualmente em análise pela Casa Civil da Presidência da República, e o secretário executivo do MinC, Juca Ferreira, aposta que ele será apresentado em breve. “Acredito que pode serlançado ainda este ano”, disse ele à Agência Brasil.Ferreira explica que a proposta é que o programa funcione nos mesmos moldes dotíquete alimentação, patrocinado pelas empresas e largamente aceito pelomercado, e terá o objetivo de levar milhões de brasileiros a consumirem bensculturais. Os trabalhadores receberiam das empresas um tíquete a ser trocado por um livro, uma entrada de cinema, peça de teatroou espetáculo de dança.As empresas que decidirem oferecer otíquete aos funcionários poderão descontar o valor do Imposto de Rendadevido. “Através de ummecanismo de renúncia fiscal, as empresas e o Estado financiam aacessibilidade à cultura. Nós fizemos estudos de viabilidade econômica,consultamos as empresas e houve uma aceitação enorme.”Ferreira conta que o programa surgiu a partir da constatação de que existe um verdadeiro "apartheid cultural" no Brasil. "Menos de 10% dos brasileirosvão pelo menos uma vez por ano ao cinema e os que vão sistematicamentenão chegam a 5%. As tiragens de livros são de apenas 5 mil exemplares,para um país de 180 milhões de habitantes", enumera ele. "O povo brasileiro, na suamaioria, não tem acesso à cultura, a não ser através da televisão emesmo assim de forma precária, como forma de matar o tempo.”SegundoJuca Ferreira, o Tíquete Cultura inverte a lógica do financiamentocultural. “Antes você financiava uma peça sem a preocupação de quantaspessoas iam assistir, gastando dinheiro do Estado, gerando pouco acessoaquele bem cultural", relata. "Agora, com a preocupação da acessibilidade,estamos associando o dinheiro público à ampliação do público. É uminvestimento direto no cidadão e o potencial é de incorporar milhões depessoas ao consumo cultural.”