Empresários da construção civil pedem mais investimento público em habitação social

26/12/2006 - 10h33

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Na avaliação do presidente da Câmara Brasileirada Indústria da Construção Civil (CBIC), Paulo Simão, o ano de 2006podeser considerado excelente para o setor, mas é preciso ampliar aprodução de habitações populares para conseguir vencer o déficithabitacional no país. “Eu espero para o novo mandato que a produção dehabitaçõessociais obtenha um ritmo mais expressivo”, disse ele à Agência Brasil.

Elelembra que o número de 140 mil unidades de moradia popular financiadas em 2006 é muitopequeno diante do déficit habitacional brasileiro, estimado em cerca de7,9milhões de moradias. “Para deixar o déficit para trás eo que virá com o crescimento vegetativo da população, será necessárioconstruir 400 mil domicílios por ano  em 16 anos”. Essa projeção,segundo ele, já foi encaminhada pela CBIC ao presidente Luiz InácioLula da Silva.

PauloSimão diz que o crescimento do crédito imobiliário este ano serásuperior a R$ 9,5 bilhões, mas o problema ainda é na área dehabitação social, que depende dos investimentos públicos.

Osuperintendente técnico da Associação Brasileira das Empresas deCrédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Pereira Gonçalves,também vê avanços no segmento de mercado que os integrantes de sua entidade atendem (em geral, acima de 10 salários mínimos de renda familiar). “Foi a primeira vez desde 1988 que  os agentesque operam recursos da poupança vão superar o financiamento em mais de100 mil unidades. Este ano vamos financiar 115 mil unidades", diz ele.

"Em termosde operações,  está tendo um crescimento bastante expressivo", completa. "Aexpectativa nossa para o ano que vem é de que o número possa chegar a140 mil a 150 mil unidades. A gente acha que o crédito imobiliário estáentrando numa fase bastante positiva.”

Essaperspectiva de crescimento decorre de vários fatores. “No  créditoimobiliário, como envolve operações de longo prazo, a  questão daestabilidade  econômica é fundamental”, destaca ele. Como não há previsão deturbulências na economia, o superintendente afirma que todo omercado está confiante.

Gonçalves diz que o setor financeiro, como um todo, estátrabalhando no sentido de ampliar a base de crédito. O Brasil, segundoa Abecip, ainda tem uma relação reduzida entre o créditoimobiliário e o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezasdo país. Essa relação atinge 5%, contra 50% na Espanha e Portugal.Mesmo no México, que tem uma situação parecida com a brasileira,essa relação já superou 10%, disse Gonçalves.