Raquel Mariano
da Agência Brasil
Brasília - Nos últimos quatro anos, o Rio Grande do Sul assentou 319 famílias e neste ano, 98. O número é baixo se comparado à meta do Ministério do Desenvolvimento Agrário, de assentar 140 mil famílias no país em 2006, disse hoje (17) um dos coordenadores estaduais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Mauro Cibulski. Ele acrescentou que uma das causas para o não-cumprimento da meta é o uso dos recursos públicos pelos proprietários de terras na região: "Isso faz com que o governo não invista na reforma agrária. Os fazendeiros têm fácil acesso a investimentos e são financiados por bancos públicos". Para Cibulski, a reforma agrária no estado só poderá avançar quando os governos federal e estadual, e o Poder Judiciário, trabalharem para isso. “O governo federal cuida apenas de questões pontuais, só se preocupa em resolver conflitos e não em montar um grande plano que mude o quadro da divisão de terras no Brasil”, disse. Na opinião do coordenador, "o estado beneficiou apenas o agronegócio, e isso não produz comida". Mauro Cibulski denunciou ainda que as empresas Stora Enzo, Votorantim e Aracruz Celulose estão comprando terras no Rio Grande do Sul "e construindo desertos verdes, áreas que desmatam a floresta nativa, para plantar eucaliptos". Ele informou que os integrantes do MST pretendem fazer uma marcha até o município de São Gabriel, a fim de denunciar a compra dessas áreas. "Além da luta pela reforma agrária, estamos tornando público isso, porque vai passar sem a sociedade debater. Amanhã ou depois, teremos até um projeto que vai acabar com a diversidade”, afirmou.