Entidade atribui surgimento de rádios irregulares a demora nas autorizações

17/11/2006 - 19h57

Gabriel Corrêa
Da Agência Brasil
Brasília - O Coletivo Intervozes, organização que defende ademocratização dos meios de comunicação, aponta “morosidade” do Ministério dasComunicações na autorização às rádios comunitárias como a principal causa paraexistência de tantas rádios irregulares. Para Diogo Moysés, coordenador doIntervozes, “por um lado o governo tem sido eficaz em reprimir as rádios comunitáriasque não possuem a autorização formal para funcionar, e por outro lado tem sidoineficaz ao responder aos pedidos de autorização”, disse.Hoje (17), a Operação Corsário 2 foi deflagrada hoje pelaPolícia Federal (PF) na Grande São Paulo para encerrar as atividades de emissorasque operam sem a autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).“Muitas das rádios inclusive que sãofechadas estão com pedidos [de autorização] há anos parados nas gavetasdo Ministério das Comunicações”, afirmou Moysés, em entrevista à Agência Brasil.“Se você é uma associação comunitária e faz um pedido ao ministério para poderusar o espectro de maneira legal e esse pedido não é nem apreciado, o únicocaminho que você tem é colocar a rádio no ar.”Sobre a interferência das rádios em outros sinais, o coordenador do coletivodiz que “a interferência dos sinais [das rádios irregulares] em aviões é umamentira técnica”. “As grandes rádios comerciais podem interferir [também] sedeterminados requisitos técnicos não forem respeitados".O delegado responsável pela Operação Corsário 2, MarceloPrevitalli, disse que as rádios sem autorização causam problemas. “Nossaintenção é conscientizar essas pessoas [proprietários de rádios clandestinas]de que mesmo que elas tenham boas intenções de fazer um serviço comunitário, aofazê-lo de forma irregular elas podem gerar interferências na comunicação entreaeronaves e torres [dos aeroportos]”, disse. Outro problema, para ele, éa interferência dessas rádios no sinal de empresas de comunicações homologadas.Para Diogo Moysés, a questão que falta ser discutida é“se as rádios comerciais estão preparadas para enfrentar uma concorrência derádios comunitárias qualificadas”.