Local de ameaças de tartarugueiros, Rio Jauapery poderia se transformar em reserva extrativista

17/11/2006 - 13h56

Thais Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Desde 2002 o Conselho Nacional de Populações Tradicionais (CNPT) doIbama estuda a criação de uma reserva extrativista no Rio Jauapery, queenglobaria também a margem esquerda do baixo Rio Branco, no Amazonas. O coordenadordo CNPT no Amazonas, Leonardo Pacheco, revelou que esse processo estásendo coordenado em parceria com o CNPT de Roraima e que os trabalhosavançaram bastante no último ano.A discussão poderia ser uma das alternativas para ajuda no combate às ameças dos tartarugueiros que caçam ilegalmente o animal na região. Nesta semana, uma equipe a serviçodo Ibama em Caracaraí, em Roraima, que causou a morte do colaborador JoséSantos Cruz. O local da emboscada, no baixo rio Branco, fica próximo ao Rio Jauapery, na divisa entre os dois estados. O Rio Jauapery também teve ameaças a agentes ambientais voluntários que buscam proteger as tartarugas.Os agentes ambientaisvoluntários são lideranças comunitárias treinadas pelo Ibama. Elesrealizam atividades de educação ambiental e monitoramento de crimescontra o meio ambiente. Podem, inclusive, lavrar autos de constatação,que servem como pontos de partida para atuação dos fiscais do Ibama. Naregião do Rio Jauaperi atuam 11 desses agentes – ao todo, o Amazonasjá formou 1.269 deles, consagrando-se como estado líder no ProgramaNacional de Agentes Ambientais Voluntários, criado em maio do anopassado.A carne de tartaruga é uma iguaria muito apreciada na Amazônia, mas oanimal (que costuma ser vendido vivo) só pode ser comercializado se forproveniente de cativeiro autorizado pelo Ibama. O Amazonas tem 57criadouros de quelônio legalizados. Cada tartaruga deve seridentificada com um selo individual, colocado no seu casco.“Pedimosà população que não compre animais de origem duvidosa. Com isso, aspessoas  ajudarão a combater a captura da tartaruga amazônica, que estáem risco de extinção”, apelou Cordeiro, lembrando que o comércio ilegalde quelônios está também ligado à violência rural. “A população podeajudar não comprando e denunciando. Até porque esses animais ilegaissão caros [custam entre R$ 300 a R$ 1.000, de acordo com o tamanho e a época], grande parte da população não tem mesmo acesso a eles”.Cordeiroinformou ainda que a multa por cada quelônio capturado ilegalmente é deR$ 500. O infrator está sujeito também a um processo penal, que aprincípio pode levar à sua prisão, embora na prática isso raramenteaconteça. O telefone do disque denúncia do Ibama no Amazonas é: (92)3613-3081.