Manoela Alcântara
De A Voz do Brasil
Brasília - Ir até uma biblioteca e ler um livro parece uma tarefa fácil de ser exercida no dia-a-dia. Para os portadores de deficiência visual, no entanto, as dificuldades de acesso aos livros ainda é grande.
Para mudar a situação e incluir essas pessoas no mundo da cultura, membros da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde) querem trazer ao país o protocolo Daisy (Digital Acessible Information System), por meio da Política do Livro e Leitura do Ministério da Cultura.
Atualmente, os deficientes visuais têm acesso à leitura pelo método braile e por um sistema de computador que faz a leitura digital de textos.
Com o protocolo Daisy, um aparelho um pouco maior que um CD e com botões em braile é acoplado nos livros. Assim, não é preciso que o deficiente visual dirija-se até um computador para poder ler. Ele poderá estudar nas bibliotecas como qualquer pessoa que não tenha a visão comprometida.
De acordo com a coordenadora Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, Izabel Maior, o sistema do protocolo Daisy funciona como um CD normal, mas com algumas vantagens.
“Você pode, por exemplo, marcar a página que achar interessante. Se uma pessoa quer ir da página um para a dois e depois voltar para a página um, ela pode. Também é possível mudar para o capítulo seguinte ou selecionar um parágrafo importante", diz. "Então, a leitura através da audição passa a ser tal como a que a gente está vendo, só que com rendimento, rapidez e eficiência de aprendizagem muito maiores”.
Martinha Clarete Dutra é deficiente visual e trabalha no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência. Ela conta que teve de enfrentar muitas dificuldades durante todo o processo de aprendizado, pois as escolas públicas não tinham didática para ensiná-la e os livros em braile demoravam muito para serem confeccionados. Com o protocolo de Daizy, afirma Dutra, será possível garantir acesso à leitura para quem é cego ou tem outro tipo de deficiência visual.
“O braile é uma ferramenta importante, mas pouco funcional, pois os livros são muito pesados e a leitura, muito demorada. O protocolo Daisy é algo que pode trazer para nós uma funcionalidade muito grande, pois poderemos escutar o livro em qualquer lugar”, disse. “Uma medida como essa é fundamental porque vamos ter direito a escolher um livro ou trocar experiências de leitura com qualquer usuário. Poderemos, inclusive, entrar em uma livraria e comprar um livro, coisa que hoje não é realidade no Brasil”.
O protocolo foi implementado em 32 países e teve a experiência pioneira em bibliotecas públicas. Segundo a coordenadora Izabel Maior, no Brasil não deve ser diferente. As bibliotecas públicas devem ser as primeiras a terem o sistema que pode beneficiar deficientes visuais.