Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Em todo o país foram consumidos 44,2 milhões de metroscúbicos diários de gás natural em setembro, o maior volume já registrado até então, sósuperado pelo consumo de janeiro deste ano, quando chegou a 42,8 milhões de metroscúbicos diários. O setor elétrico foi o segmento industrial mais representativono aumento do consumo de gás natural em setembro, de 29,87%, provocando um resultado recorde na comercialização do combustível.De acordo com os dados da Associação Brasileira das EmpresasDistribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), em setembro a comercialização de gásfoi 6,74% maior do que em agosto e 6,92% a mais do que a de setembro de 2005. No segmento da indústria, houve alta de 2,18% no consumo; naárea residencial, 2,79%, e no segmento comercial, 3,44%. O setor elétricoaumentou o seu consumo em 29,87%, passando de 6,5 milhões para 8,5 milhões demetros cúbicos/dia.O presidente da Abegás, Romero Oliveira, informou que esseaumento no consumo está associado à maior utilização do sistema de geração deenergia elétrica por termoelétricas, que são movidas a gás natural. “O recordefoi pontual e puxado pelas termoelétricas, com destaque ainda do setorautomotivo”, disse. O setor automotivo foi o que mais cresceu nos últimos 12meses, com alta de 23,53%, e um consumo veicular de 6,7 milhões de metroscúbicos diários. Esta quantidade representa 15% da demanda no mercado interno.Por região, o maior consumo foi constatado na Sudeste, com29,2 milhões de metros cúbicos diários ou 66% da média nacional. Na região Nordesteforam consumidos 6,8 milhões de metros cúbicos/dia; na Sul 6,6 milhões demetros cúbicos/dia, e no Centro- Oeste, 1,3 milhão de metros cúbicos/dia.Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, a média deconsumo das termoelétricas, que é considerada pelo governo federal umaalternativa complementar de energia, é de 36 milhões de metros cúbicos/dia. DaBolívia, o Brasil importa 26 milhões de metros cúbicos/dia e o restante vem daprodução local.Na avaliação de Romero Oliveira, o consumo de gás natural nopaís só não é maior porque a oferta do produto é pequena e ainda há receiosno setor industrial sobre a capacidade futura do aumento dessa oferta. A ameaçade aumento de preço do produto importado da Bolívia também traz incertezas nomercado, segundo o executivo. “Há um desafio mais por parte das empresas do quedo país”. E defende que deve ser acelerado o sistema de planejamentoestratégico de longo prazo para se evitar um colapso no abastecimento. Oliveiradisse que esse plano deve “sair do universo da Petrobras para depois ganhar ouniverso do país”. Apesar do recorde em setembro, ele acredita que no ano oconsumo deve crescer entre 6,5% e 8% ante um crescimento de 8,3% registrado em2005.