Minorias falam sobre reivindicações que vão levar à comissão de povos tradicionais

02/08/2006 - 22h35

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Minorias explicam as lutas que pretendem travar dentro da Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, instalada hoje (2), principalmente no que se refere ao reconhecimento, fortalecimento e garantia dos direitos sociais, territoriais, ambientais, econômicos e culturais. O grupo é formado por 15 representantes desses segmentos e 15 do governo federal.No entendimento do cigano José Carlos da Silva, representante do Centro de Estudos e Discussão Romani, um dos principais desafios durante a participação na comissão será encontrar formas de garantir a documentação civil e o acesso à educação para esses povos. De acordo com o centro, cerca de 75% dos ciganos que vivem no Brasil, entre 600 mil e 700 mil, são analfabetos. Silva disse que apresentará à comissão uma proposta para ser levada às prefeituras de todo o país. A idéia é que uma escola de cada município possa abrir aos sábados, para que os ciganos possam estudar. “Depois que a gente conseguir isso, as outras coisas vão ficar fácil, porque difícil está sendo chegar até o ensino”.Para o representante do Conselho Nacional de Seringueiros, Pedro Ramos de Sousa, que vive na Reserva Extrativista do Rio Cajari, no Amapá, a comissão é importante porque permitirá a formulação de políticas públicas diferenciadas para as comunidades tradicionais. Segundo ele, essa têm sido uma das principais reivindicações do conselho, criado em 1985. “Temos as nossas diferenças, mas elas não aparecem e com isso a gente vai ficando cada vez mais para trás. A gente tem uma expectativa muito grande de que essa comissão vai estabelecer propostas reais para as populações tradicionais, em termos de desenvolvimento, melhoria de condições de vida”. Segundo Sousa, há mais de 300 mil seringueiros na Amazônia.Na avaliação de Jhonny Martins de Jesus, da Coordenação Nacional de Quilombos, a comissão poderá ajudar a mapear as comunidades quilombolas. “Queremos fazer com que essas comunidades sejam reconhecidas, saber quem somos, onde estamos, para fazer com que as políticas consigam chegar a essas comunidades”. De acordo com Jesus, a coordenação estima que há cerca de cinco mil comunidades quilombolas espalhadas pelo país.  Já o indígena Valmir Parintintin, que representa a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), a integração entre as várias comunidades tradicionais, que terão direito à voz e voto no grupo, poderá fortalecer a atuação desses povos. “Vamos estar mais próximos, junto com os outros companheiros da sociedade civil, cobrando do governo que cumpra o seu papel”, disse.