Operação combate grilagem, extração de madeira e garimpo nas terras dos índios kayapó

02/08/2006 - 12h58

Pedro Biondi
Enviado especial
Ourilândia do Norte (Pará) - A Polícia Federal (PF), Fundação Nacional do Índio (Funai) e InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) começaram uma operação para combater a grilagem de terras, a extração ilegalde madeira e o garimpo na Terra Indígena Kayapó, no sudeste do Pará. AOperação Kayapó, que teve início às 4 horas, fará a retirada de 50 pessoas, segundo estimativa da Funai.O ex-administrador regional do órgão em Marabá, Eimar Araújo, um dos coordenadores da ação, explicou à Agência Brasilque a presença dos invasores foi identificada há cerca de um ano, apósdenúncia dos kayapó. E foi confirmada com o sobrevôo da área e o uso deimagens de satélite. “Constatamos a presença de 19 focos dedesmatamento”, disse Araújo. Ele contou que a maioria dos locais estavaem preparação para virar pastagem.“Esperamos que a saída [dessas pessoas]seja pacífica”, comentou o chefe da equipe, o delegado da PolíciaFederal Delfino de Castro Neto, que prevê uma empreitada de 12 dias. “Aárea é muito grande e isso dificulta a fiscalização pelos órgãosfederais. Cria a necessidade de uma ação quase permanente”. São quase3,3 milhões de hectares – cada hectare corresponde a um campo defutebol.Castro Neto disse que o fato de a população local jáestar ciente da operação pode evitar enfrentamento com os invasores.Segundo ele, estão envolvidos 24 homens da PF, o que caracterizaria umaoperação de médio porte.Também integram a comitiva doisrepresentantes da aldeia kayapó Kikretum – um deles, o chefe deguerreiros Piydjô. Responsável por um dos papéis de liderança naorganização política dos kayapó, ele resumiu como encara a presença dosestranhos: “Fazendeiro estraga o mato, madeireiro estraga o mato, e nósprecisamos do mato grande para criar os bichos que a gente caça”.