Integrantes do MST pretendem resistir a reintegração de posse em Pernambuco

02/08/2006 - 15h10

Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - Uma tropa com 300 policiais militares dePernambuco está no acampamentoChico Mendes, em São Lourençoda Mata, na região metropolitana do Recife, aguardando apenas ordem docomandante da corporação, Cláudio José da Silva, para cumprir mandadoreintegração e posse do engenho São João. No imóvel, de propriedade dogrupo Votorantim, vivem cerca de 400 famílias de agricultores doMovimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).Olíder do MST, Alexandre Conceição, disse que os camponeses nãopretendem negociar a saída do acampamento porque encontraram a terra abandonadae a tornaram produtiva. “Essa terra estava abandonada há 17 anos, ostrabalhadores se organizaram, plantaram feijão, milho, macaxeira. Tiram o sustento das famílias", afirmou Conceição. Para ele, a reintegração  concedidapela justiça chegou em um momento "infeliz". Está em andamento umprocesso de negociação entre o Incra e o Grupo Votoratim paradesapropriação da área com fins de reforma agrária.  O acampamento Chico Mendes possui uma área de 580 hectaresque foi considerada improdutiva pelo Instituto Nacional de Colonização eReforma Agrária (Incra) por não cumprir a função social.

Ainda assim, ojuiz da comarca de São Lourenço da Mata, José Gilmar, indeferiu opleito apresentado por uma comissão formada pelo promotor agrário doMinistério Público de Pernambuco, Edson Guerra, advogados erepresentantes dos direitos humanos no sentido de adiar o despejo dasfamílias.

O deputado estadual Nelson Pereira, do PCdo B, que acompanha asnegociações, teme que possa acontecer, durante o processo dedesocupação forçada, confronto e prisões, já que os trabalhadoresasseguram que não irão desocupar o local.