Julio Cruz Neto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A organização internacional Médicos sem Fronteiras (MSF) concorda que a ajuda humanitária no Líbano não pode depender de corredores de segurança, a mesma opinião manifestada recentemente pela Cruz Vermelha. “O corredor humanitário é uma balela”, diz a diretora executiva do MSF no Brasil, Simone Rocha.“Estamos totalmente de acordo com eles [Cruz Vermelha]. Trabalhamos em guerras há 35 anos e jamais esperamos por garantias de segurança para agir”, afirmou Rocha à Agência Brasil.Na opinião de Christopher Stokes, coordenador-geral da MSF no Líbano, o conceito de corredor humanitário vem sendo utilizado ultimamente para “mascarar a realidade”. “É impossível ter acesso seguro às cidades do sul. O chamado corredor é uma espécie de álibi porque de fato não existe acesso real das organizações humanitárias ao sul. E a comunidade internacional está se enganando, se acredita nisso”, afirmou, em entrevista publicada no site da organização.”Os poucos comboios das Nações Unidas [Organização das Nações Unidas] que obtiveram garantias de segurança por parte das autoridades israelenses largam suas cargas em depósitos e voltam o mais rápido possível para Beirute”, conta Stokes. “Isso significa que não temos acesso de verdade àqueles que mais necessitam de ajuda”.Segundo ele, “nem mesmo a parte mais fácil de implementar do dito corredor, do Chipre para Beirute, está funcionando”. O MSF anunciou hoje (2) que usará um navio da organização não-governamental Greenpeace para levar 100 toneladas de suprimentos por esta rota.