Celso Amorim defende, no Senado, prioridade para acordos multilaterais

02/08/2006 - 17h48

Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, participou hoje (2) de uma audiência pública conjunta nas comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal. O chanceler foi questionado sobre a prioridade dada pelo governo brasileiro, nos últimos anos, aos acordos multilaterais em instâncias como a Organização Mundial do Comércio (OMC).

De acordo com o ministro,  nos acordos bilaterais, por exemplo, o país nãopoderia questionar o tema central que estava sendo “atacado” na OMC, ou seja, o execesso de subsídios agrícolas por parte de governos europeus e norte-americano.

“Parao Brasil, um país que quer uma ordem internacional adequada, justa, emque todos possam fazer ouvir sua voz, o sistema multilateral éinsubstituível. Questões como a do algodão e do açúcar, em que o Brasilobteve vitórias, seriam impossíveis em um sistema de naturezabilateral.”

ParaCelso Amorim, uma menor credibilidade no sistema multilateral podeacarretar em uma onda de protecionismo e em uma série de medidas retaliatóriasunilaterais e bilaterais que distorcem o comércio. O chanceler admitiu no Senado que o impasse em relação às negociações depois do fracasso da Rodada Doha é real, mas não é total.

Segundo ele, “não existe alternativa à OMC” e, se as negociações internacionais não derem certo, o prejuízo será gravíssimo, não só para o Brasil, mas para todos os países. “Será, inclusive, um sinal para o mundo da falência do sistema multilateral. Mesmo os temas que não estão sendo negociados agora serão atingidos.”

A Rodada Doha foi criada em 2001 com o objetivo de promover a abertura do mercado global especialmente para aumentar a participação dos paísesem desenvolvimento no comércio exterior. A partir de 2003, quando os temas agrícolas e industriais foram introduzidos nas discussões, os debates tornaram-se mais difíceis.