Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (19) que os ataques de Israel ao Líbano têm um aspecto político diferente de outros incidentes em que brasileiros foram afetados. Após reunião com representantes da comunidade libanesa, Amorim explicou: “Essa é uma tragédia, é um motivo de consternação muito grande para nós, mas é algo que progressivamente está nos atingindo diretamente. Nesse caso nos toca especificamente como brasileiros. Nós temos muitos brasileiros nessas regiões que continuam a ser atacadas”.O ministro disse que durante a reunião não apontou culpados ou inocentes em relação ao Hezbollah e a Israel, mas destacou que “hoje nós temos uma reação [israelense] que é totalmente desproporcional, que atinge populações civis e que está atingindo brasileiros”. Segundo ele, a embaixadora de Israel, Tzipora Rimon, já foi convidada duas vezes a ir ao Itamaraty para conversar. E será novamente convidada amanhã (20). Para Amorim, Israel deveria garantir a segurança dos brasileiros que desejam deixar a região de conflito. "O que Israel tem que fazer é, por exemplo, se nós tivermos um comboio que vá se deslocar por uma determinada estrada, nós termos certeza de que aquele comboio não será atingido por algum tipo de bombardeio – que não se transforme num mero dano colateral, numa ação desproporcional, numa ação violenta”, explicou. O ministro informou que a comunidade libanesa sugeriu, entre outras medidas, que os brasileiros fossem retirados do Líbano em navios: “Nós não temos uma frota de aviões que possa transportar todos. Nós estamos fazendo o que nós podemos. Acho que a conversa hoje foi útil porque nós vimos outras alternativas, O que o governo brasileiro puder fazer, ele fará”. Amorim acrescentou que já foram solicitados mais recursos para os planos de resgate de brasileiros. Ele não descartou a possibilidade de pedir ajuda às Nações Unidas e a outros países que "tenham influência sobre Israel”.