Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - As importações brasileiras de produtos têxteis e de confecção superaram em 1,77 milhão as exportações no primeiro semestre de 2006. As compras somaram US$ 987,8 milhões, enquanto as vendas atingiram US$ 948,4 milhões. Em igual período do ano passado, as exportações haviam superado as importações em US$ 213 milhões. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).Em comunicado divulgado pela entidade, o diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, considera que o resultado reflete um cenário desfavorável para o setor. Segundo ele, a indústria têxtil e de confecção enfrenta problemas com a valorização cambial, com a falta de acordos internacionais, com importações asiáticas ilegais e alta carga tributária. De acordo com a Abit, o setor de confecções, responsável pelos produtos de maior valor agregado, apresentou queda tanto no volume quanto no valor exportado no primeiro semestre – o que indicaria, segundo a entidade, que o Brasil estaria deixando de ser um fornecedor de bens manufaturados para se tornar um vendedor de matéria-prima. Nos seis primeiros meses do ano foram exportados US$ 319,8 milhões, ante US$ 374,9 milhões em igual período de 2005.Os principais destinos da exportação brasileira de produtos têxteis e de confecção no período foram Argentina, Estados Unidos, China e Indonésia. Os dois últimos são mercados não tradicionais, o que é explicado, segundo a Abit, pelos embarques de matérias-primas, como as fibras de algodão e sisal.O comunicado da Abit informa que o aumento das importações de têxteis e confecções refletiu negativamente no mercado interno. Segundo a entidade, as últimas pesquisas divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registraram redução na produção e queda no nível de emprego no setor. As vendas no varejo, de acordo com a Abit, apresentaram alta, o que demonstraria que os produtos importados estariam substituindo os fabricados no Brasil.A Abit informa ainda que de acordo com dados do IBGE, de janeiro a maio deste ano o setor têxtil reduziu em 2,73% o pessoal ocupado, na comparação com igual período de 2005. No vestuário, a redução foi de 4,38%, ampliando trajetória de queda que perdura por mais de 24 meses.