Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Ministério da Saúde e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) pretendem investir cerca de R$ 7,7 milhões em 39 pesquisas sobre a aids e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), que devem ser desenvolvidas a partir de abril. Desses recursos, aproximadamente R$ 6,9 milhões serão destinados ao financiamento de 32 pesquisas nas regiões Norte e Centro-Oeste e cerca de R$ 790 mil a sete estudos sobre casos de aids entre a população negra.
A relação das 39 propostas selecionadas foi divulgada na última quarta-feira (25) pelo Ministério da Saúde. Segundo o assessor responsável adjunto da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Programa DST/Aids do ministério, Márcio de Sá, as pesquisas das regiões Norte e Centro-Oeste terão duração de até 24 meses. Já os estudos sobre a população negra podem ser executados em, no máximo, 12 meses. "Se tudo correr bem, as pesquisas começam a ser executadas em abril".
Participaram do processo seletivo as instituições de ensino e de pesquisa e organizações não-governamentais. Foram apresentados 97 projetos para pesquisar a doença nas regiões Norte e Centro-Oeste e 26 propostas para realizar os estudos sobre a aids entre a população negra.
Segundo Márcio de Sá, as 39 propostas se somam a outros 28 projetos sobre a aids, que foram selecionados em dezembro de 2005 e que devem ser iniciados em março. Nesses projetos serão investidos cerca de R$ 5,8 milhões, conforme o assessor. Ele destacou que o Brasil é reconhecido internacionalmente como um dos países que possuem os melhores programas relacionados à aids e disse que, com o incentivo à pesquisa, a idéia é melhorar as ações na área.
"O objetivo do Ministério da Saúde em financiar esses projetos é aumentar o número de pesquisas nessa temática específica, visando incrementar as políticas de saúde do Brasil em relação ao cuidado e à prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis e HIV/Aids", disse ele.
Para o representante do Programa DST/Aids, com o financiamento às pesquisas, será possível atender a demandas específicas relacionadas à doença. As pesquisas sobre a aids entre os negros, por exemplo, poderão melhorar o acesso da população negra ao tratamento da doença, segundo Márcio de Sá.
"A gente sabe, por exemplo, que o acesso de pessoas da população negra aos serviços de saúde não é o mesmo. Então, é preciso que seja investigado tudo isso, entre várias outras coisas, para que o acesso seja o mesmo, universal como gratuito", defendeu.
Já os estudos sobre a doença no Norte e no Centro-Oeste, salientou o assessor, vão estimular o desenvolvimento de pesquisas nessas regiões. "É muito importante incentivar a pesquisa nessas regiões do país, onde a gente sabe que a pesquisa em todos os campos do conhecimento humano é menos desenvolvida, por causa da falta de recursos e, no caso da região Norte, por ser uma região mais isolada."