Abertura de vagas e queda de população ativa causaram redução do desemprego, diz economista

27/01/2006 - 19h52

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A criação de um número recorde de vagas no mercado de trabalho e a redução no crescimento da População Economicamente Ativa (PEA) explicam os resultados da Pesquisa Nacional de Emprego divulgada ontem (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A opinião é do economista Marcelo de Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado ao Ministério do Planejamento.

A taxa de desemprego medida em dezembro ficou em 8,3% e foi a menor desde 2002. Para Ávila, a explicação para os bons números de dezembro de 2005 não se resume no fenômeno sazonalidade, que faz com que no Natal o número de contratações seja maior. "É bem verdade que no final do ano há um grande número de empregados temporários, mas não é esse o motivo da queda do desemprego", afirmou.

Ávila atribui o fato, em primeiro lugar, ao número recorde de 107 mil vagas criadas. Além disso, o número de pessoas em idade ativa, desocupadas e ocupadas, que formam o que se chama de PEA, teve um crescimento bem menor em 2005. Enquanto em 2004, o crescimento da PEA foi de 2,2%, em 2005 foi de 1,1%.

A expectativa do economista para 2006 é de que a taxa de desemprego continue no patamar de um dígito, o que só ocorreu pela primeira vez, desde a série histórica do IBGE de 2002, em dezembro de 2004. "Em 2003 e 2004, a taxa foi sempre de dois dígitos. Em dezembro de 2004, foi a primeira vez que ficou num dígito só, voltou a apresentar dois dígitos nos outros meses e caiu para 9,4% em junho de 2005", lembrou.

Para Ávila, o mercado tende a melhorar este ano, porque dá sinais de que terá o componente quantitativo do nível de emprego, registrado em 2004 e o qualitativo que se mostrou crescente em 2005. "Foram mais empregos formais criados e com um rendimento melhor. Acho que esses dois componentes se mesclam em 2006, trazendo para o trabalhador e para quem está sem emprego um ambiente melhor. Haverá, conseqüentemente, crescimento econômico, inclusive com reflexos muito positivos no PIB [Produto Interno Bruto]", estimou.