Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Caracas (Venezuela) – Um dos principais desafios do 6º Fórum Social Mundial deste ano é repensar o papel dos movimentos sociais diante dos governos de esquerda, mais comuns agora na América Latina. O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, deu contribuições à essa discussão hoje (27) em um debate promovido pelo Centro Celso Furtado, em parceria com o Processo Helsinque e a Plataforma Global dos Cidadãos.
Para Dulci, às vezes há uma tendência dos movimentos sociais "irem para a arquibancada" e acreditarem que, com a eleição de um político de esquerda, eles perdem seu papel de pressionar o governo. "E justamente por haver um governo de esquerda que a sociedade civil precisa se mobilizar mais, porque o fato de haver um governo democrático de esquerda por si só não assegura a mudança. A direita não deixou de existir", lembrou o ministro.
Dulci também reconheceu que, muitas vezes, a pressão ajuda o governo a conseguir apoio para tomar medidas em favor dos grupos menos favorecidos da sociedade. "Às vezes incomoda muito para quem esta no governo determinados tipos de ação da sociedade civil. Mas é assim mesmo. Não há mudança social sem conflito", acredita o ministro.
Entre os exemplos citados por ele está o fato de o atual governo ter triplicado a quantia de dinheiro destinada ao credito para a agricultura familiar: "Esse dinheiro sai de algum lugar: Setores que antes recebiam esse dinheiro deixaram de receber. Tudo isso é disputa. A democracia não é um espaço onde não existe a disputa. Pelo contrário."