Spensy Pimentel
Enviado especial
Caracas (Venezuela) - O cientista político e economista egípcio Samir Amin, 74, convocou hoje (27) os movimentos sociais participantes do 6º Fórum Social Mundial a adotar como prioridade de suas ações a necessidade de desmantelar a presença militar dos Estados Unidos em outros países. "Todas as mudanças serão sempre vulneráveis ante a presença militar dos EUA. Para fazer mudancas duradouras, tem de haver essa mobilização", defendeu Amin.
Segundo dados apresentados no fórum, em debate na última quarta-feira, pelo cientista social argentino Atilio Borón, os Estados Unidos têm atualmente 500 mil soldados fora de seu território, mantendo oficialmente 725 bases militares em 38 países dos cinco continentes.
A sugestão apresentada pelo pesquisador egípcio integra um "plano de ação" definido na semana passada pelo Fórum Mundial de Alternativas, rede de entidades presidida por ele, durante a etapa africana do 6º Fórum Social Mundial, em Bamako (Mali).
Logo após o protesto mundial convocado para março pelas entidades norte-americanas e britânicas contra a guerra no Iraque, o plano de ação sugere o lançamento da campanha "US Go Home!" (Estados Unidos, vão para casa!), pelo desmantelamento das bases militares ao redor do mundo.
Segundo Amin, o plano de ação localiza como beneficiários do atual sistema mundial as elites detentoras do capital financeiro nos Estados Unidos, Europa e Japão. A Organização Mundial do Comércio atuaria de forma semelhante aos antigos "ministérios" europeus, garantindo que as regras impostas sempre sejam favoráveis a essa tríade e se tornem obstáculos ao desenvolvimento dos paises pobres.
"Todas as instituições internacionais que eles dizem seguir a racionalidade econômica seguem a lógica da dominação colonial", disse o egípcio. De acordo com ele, o fato de os Estados Unidos priorizarem atualmente o ataque ao Oriente Médio como forma de garantir controle sobre as reservas de petróleo garante aos norte-americanos a manutenção da Europa e do Japão em "posição subalterna".
Amin foi um dos principais intelectuais do movimento terceiro-mundista entre as décadas de 50 e 60. Um dos marcos do movimento foi a Conferência de Bandung (1955), que reuniu na época os países ditos "não alinhados". A etapa africana do Fórum Social Mundial este ano, em Bamako (Mali), celebrou os 50 anos da conferencia.