''Não há intervenção no Haiti", diz Dulci, no Fórum Social Mundial

27/01/2006 - 19h06

Spensy Pimentel
Enviado especial

Caracas (Venezuela) – A presença do Brasil no Haiti foi hoje (27) tema de debate no Fórum Social Mundial. O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, falou sobre o assunto no painel "Globalização, Poder e Desenvolvimento". Um militante que estava na platéia acusou o Brasil de promover uma "intervenção" no Haiti, onde o país lidera atualmente uma força de paz autorizada pelas Nações Unidas.

"Não há intervenção no Haiti. Países democráticos estão no Haiti fazendo um esforço sob a égide da ONU para que o país possa recuperar sua soberania", rebateu Dulci. "O que o presidente Lula tem dito é isto: nós não podemos nos limitar a soltar notas, como no passado, desejando que nada de ruim aconteça. Nós devemos procurar colaborar para que as instituições democráticas sejam preservadas e fortalecidas."

O ministro citou o exemplo da atuação brasileira junto à Venezuela, durante a preparação do referendo sobre o mandato do presidente Hugo Chavez, em 2004. Ele lembrou que, diante da ameaça de golpe de Estado no país, o Brasil estimulou a criação do Grupo de Amigos da Venezuela.

"Era importante que as forcas políticas chegassem a um acordo sobre o processo institucional do referendo. Algumas dessas reuniões entre oposição e situação foram feitas na embaixada brasileira em Caracas", ressaltou Dulci. "O presidente Chávez já agradeceu ao presidente Lula muitas vezes."

O caso da Bolívia também foi citado pelo ministro. De acordo com ele, durante a crise que levou à renúncia de dois presidentes, em 2003 e 2005, o Brasil teve atuação semelhante, no sentido de garantir a institucionalidade democratica. E lembrou ainda que o PT, partido de Lula, já mantinha relação com o grupo político de Morales havia dez anos, antes de ele ser eleito.

O painel "Globalização, Poder e Desenvolvimento" foi promovido pelo Centro Celso Furtado, em parceria com o Processo Helsinque e a Plataforma Global dos Cidadãos.