André Deak
Enviado especial
Caracas (Venezuela) – Está em Caracas o homem que ficou conhecido por universalizar a frase "mudar o mundo sem tomar o poder": o irlandês radicado no México John Holloway. Ele participou do Fórum Social Alternativo, que ocorre em paralelo ao 6º Fórum Social Mundial.
Holloway é um economista marxista que trabalha com o movimento zapatista e causou polêmica com sua tese de que é possível fazer revolução sem a derrubada e posterior tomada do aparelho estatal. Perguntado sobre como isso seria possível, foi curto e direto: "não sei". "Os revolucionários de ontem diziam que sabiam, e isso os levava a explicar aos outros, e depois a mandar. Nós [que queremos mudar o mundo sem tomar o poder] não sabemos. E isso nos leva a perguntar. É o que dizem os zapatistas: perguntando, caminhamos", diz ele.
Segundo Holloway, que lotou ontem (26) de noite o auditório do prédio de engenharia da Universidade Central da Venezuela, é preciso que se comece a criar o que chama de "fissuras" no sistema, negando-se a agir em nome do capitalismo. "Você tem que se negar a fazer coisas com as quais não concorda, porque o sistema de poder é um sistema de obediência", defende.
Uma das defesas que faz o autor irlandês de sua tese é que quando se fala em revolução através da tomada do poder, as pessoas não se mobilizam e não existe uma mudança real na sociedade, porque a revolução foi feita por um pequeno grupo – que se torna a elite. "Se não se fala em tomar o poder, então todos são sujeitos da mudança. Todos são responsáveis pela mudança. Leva tempo, mas, como dizem os zapatistas, 'caminhamos, não corremos, porque vamos muito longe'".