Cientista político compara verticalização com voto vinculado e diz que isso precisa acabar

27/01/2006 - 16h15

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente do Instituto de Direito Político Eleitoral e Administrativo, Alberto Rollo, comparou a verticalização com o sistema de voto vinculado adotado nas eleições de 1982. Na época, quem votasse para governador em um partido, era obrigado a votar no mesmo partido para os outros cargos, sob a pena de ter o voto anulado.

Segundo o cientista político, o voto vinculado era chamado, na época, de "excrescência" do regime militar. "O sistema da verticalização é muito parecido com esse sistema de voto vinculado e é bom que isso termine", afirmou.

Na última quarta-feira (25), o plenário da Câmara aprovou, em primeiro turno, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que acaba com a verticalização das coligações partidárias. Se aprovada em segundo turno e também no Senado Federal, acaba a obrigatoriedade de os partidos repetirem nos estados as alianças feitas nacionalmente para a disputa da presidência da República. A proposta dá autonomia aos partidos para estabelecer coligações de acordo com os interesses políticos locais e nacionais.

Em entrevista à Rádio Nacional, Alberto Rollo explicou que a verticalização foi adotada nas eleições de 2002 por meio de uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Acho que a posição do Congresso de acabar com a verticalização é correta", disse o cientista político.

Ele deu como exemplo a coligação entre PT e PL para eleger o presidente e o vice-presidente. "Dois programas absolutamente distintos foram juntados numa coligação, e ninguém reclamou que isso seria uma bagunça partidária", acrescentou.