Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A maior dificuldade dos 27 participantes da Associação de Artesãos de Novo Airão (Aana) é conseguir arumã (uma planta amazônica) para confeccionar seus produtos. Não que a matéria-prima seja rara naquele município do Médio Rio Negro, no Amazonas, mas há poucos locais onde a extração é permitida. "O arumã nasce na várzea (terras inundáveis), na beira dos igarapés (pequenos rios), mas como cerca de 85% de Novo Airão são áreas protegidas, a gente tem pouco lugar onde pode retirar", explicou a tesoureira da associação, Euzilene Barbosa da Silva, em entrevista à seção Meio Ambiente, que todas as sextas-feiras é veiculada no programa Ponto de Encontro, da Rádio Nacional da Amazônia.
Segundo Euzilene, o caminho para driblar o obstáculo foi encontrado no manejo, o uso programado e controlado dos recursos naturais, com técnicas e procedimentos que respeitem o ciclo natural de reprodução da espécie. Com apoio da organização não-governamental Fundação Vitória Amazônica (FVA), vencedora do Prêmio Chico Mendes Meio Ambiente em 2005, a associação começou o manejo do arumã em 2000. "O corte é feito com terçado (facão), em sentido diagonal. De cada touceira (planta), retiramos apenas metade dos talos maduros. E pegamos só um olho (talo jovem) por touceira, para fazer o acabamento do artesanato", explicou.
O trabalho é todo manual – para tingir a fibra de vermelho, por exemplo, usa-se urucum ou resina de casca de anta. Com objetivo de melhorar a produção e a venda, os artesãos fizeram também cursos de confecção de luminárias, de comercialização e de padronização dos produtos. Além disso, receberam capacitação em formação de lideranças e em elaboração de projetos, para aprender a captar recursos, principalmente.
A renda média dos artesãos varia de R$ 200 a R$ 300. Segundo Euzilene, as vendas são feitas por encomenda, em geral de Manaus, São Paulo ou Rio de Janeiro. "Já participamos também de feiras e eventos no Acre, e Brasília e na Espanha", revelou Silva.
No ano passado, a Aana venceu o prêmio Ação, da revista Cláudia. a associação foi criada em 1996, mas somente em 2000 teve inaugurada sua sede.