Petroleiros brasileiros defendem que Evo Morales altere contrato com Petrobras na Bolívia

25/01/2006 - 21h34

Daniel Merli
Enviado especial

Caracas (Venezuela) – As mobilizações sociais que levaram Evo Morales à presidência da Bolívia pediam a nacionalização das reservas de gás. Foi diante de protestos com essa bandeira que o então presidente Carlos Mesa renunciou, em junho do ano passado, provocando a antecipação das eleições. Um dos líderes da mobilização, Morales agora tem de negociar com as três empresas estrangeiras que exploram os recursos do país: a espanhola Repsol, a britânica BP e a estatal brasileira Petrobras. Se decidir reestatizar as reservas, terá de encerrar os contratos ou renegociá-los.

"Os petroleiros do Brasil apóiam a estatização das reservas de gás na Bolívia", defendeu Antonio Carlos Spis, diretor de comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ex-coordenador da Federação Única dos Trabalhadores (FUP). João Antônio de Moraes, atualmente na diretoria da federação, fez a mesma defesa algumas horas depois, em um debate para analisar a vitória de Evo Morales.

"Qualquer que seja a decisão tomada pelo povo boliviano, será apoiada pela FUP", disse Moraes. "O que não queremos no nosso país, não queremos nos países dos outros", afirmou, referindo-se às privatizações.

Em sua visita a Brasília, como presidente eleito, Evo Morales disse à imprensa que convidou a Petrobras a ser sócia de uma nova empresa estatal boliviana. "Quero reafirmar o que disse em campanha. Vou proteger os investimentos privados e vamos garantir às empresas o direito de recuperar seus investimentos", disse. Porém, afirmou que os investidores terão de ser sócios do governo boliviano pois, segundo Morales, o país exercerá seu direito de propriedade sobre os recursos naturais.