União dos movimentos passa pela união das lutas, diz ativista brasileira

26/01/2006 - 0h03

André Deak
Enviado especial

Caracas (Venezuela) – Uma das dificuldades da integração dos movimentos sociais latino-americanos é a falta da compreensão e adoção integral das lutas de cada um deles, disse a militante brasileira Nalu Faria, da Marcha Mundial das Mulheres. Ela participou nesta quarta-feira (24) à noite da conferência "Os novos caminhos da integração latino-americana", uma das duas mil atividades da 6ª edição do Fórum Social Mundial.

"Sempre que há encontros de movimentos, fecham-se posições de consenso em vários temas, mas nunca sobre as reivindicações das mulheres. Por exemplo, o direito ao aborto ou a violência doméstica", afirmou Faria.

Ela explicou que, como esses são temas muito próximos às pessoas, existe uma dificuldade em debatê-los. Outra situação que usou de exemplo é a divisão sexual: "os homens estão livres do trabalho doméstico, de cuidar dos filhos ou dos idosos, o que lhes dá mais tempos para estudar, trabalhar, descansar ou militar. Isso não é pouco. E o trabalho doméstico ainda não é considerado um trabalho verdadeiro".

Segundo Nalu Faria, apenas quando os movimentos estiverem dispostos a aceitar todas as lutas como legítimas é que poderá haver uma integração verdadeira. Para isso, segundo ela, muitos intelectuais e até mesmo a classe média terá que abrir mão de um padrão de vida com o qual se acostumou, um padrão de vida que seria impossível de reproduzir para todas as pessoas do mundo.