Filho de Marinho diz que multou Brasil Telecom, mas "problemas burocráticos" impediram cobrança

26/01/2006 - 21h37

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A sub-relatoria de Contratos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios ouviu hoje (26) Maurício da Silva Marinho, filho do ex-chefe de Departamento de Contratação e Administração (Decam) da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Maurício Marinho.

Maurício da Silva foi afastado do cargo de chefe da Divisão de Endereço Eletrônico do Departamento de Negócios e Operações na Internet da ECT.

Na CPMI, Maurício disse que aplicou três multas à Brasil Telecom por causa de problemas nos provedores da empresa que inviabilizavam o uso do correio eletrônico. Porém, ele afirmou ter descoberto que as multas não tinham sido aplicadas, "porque não tiveram o andamento burocrático necessário", somente após o início da crise de corrupção nos Correios e a realização de auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU).

Uma das irregularidades apontadas ano passado pelo TCU no caso de corrupção nos Correios foi a não cobrança de multa à Brasil Telecom no fim de 2004.

A primeira multa, segundo Maurício, foi enviada em dezembro de 2004 e as outras duas em fevereiro e março de 2005. As duas últimas multas somaram R$ 44 mil e tiveram uma redução, determinada pelos Correios, de R$ 30 mil.

O sub-relator, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), disse que o desaparecimento das multas no decorrer da sua tramitação burocrática nos Correios revela "um descaso administrativo ou vantagem recebida por alguma autoridade". Cardozo ressaltou que o caso estará em seu relatório. "O Maurício Marinho pai chegou a mencionar que havia recebimento de propina por gestores dos Correios na aplicação de multas", afirmou o parlamentar.