Conferência indígena em Caracas mostra que problemas são similares por toda a América do Sul

26/01/2006 - 22h39

André Deak
Enviado especial

Caracas (venezuela) – Indígenas do Equador, da Colômbia, da Venezuela, da Bolívia e do Brasil reuniram-se hoje (26) para discutir os problemas que enfrentam em suas regiões. Falta de terra, exploração e poluição do solo de territórios indígenas, perseguição, preconceito e o não reconhecimento como culturas independentes são as queixas repetidas por todos os representantes dos povos desses países.

"Queremos um fórum indígena permanente, porque o problema dos índios é o mesmo em todo lugar", disse Antenor Karitiana, do Centro de Cultura Indígena de Rondônia. O coordenador regional do Conselho Indígena de Roraima, Marinaldo Justino Trajano, fez coro ao colega: "a luta do Brasil é a luta da América do Sul, assim como a luta dos irmãos do Equador, da Bolívia, do Chile, é também a luta do Brasil".

Indígenas do Chile, por exemplo, contaram que grande parte do território mapuche foi privatizada pelo ex-presidente Ricardo Lagos e está sendo explorada por empresas florestais. Peruanos explicaram como a mineração destrói seus territórios. Na Venezuela, a exploração de petróleo em terras indígenas é um problema.

O representante da Confederação de Povos Kichwas do Equador, Humberto Cholango, disse que, mesmo em gestões progressistas, a estrutura dos governos é colonial. "Temos que descolonizar a mente dos políticos da América do Sul", defendeu. Segundo ele, uma solução seria ter representantes em espaços internacionais, para fazer ouvir seus interesses. "Somos uma civilização, não um complemento de paisagem ou folclore. Queremos nossos desejos respeitados".

Amanhã grupos indígenas da Venezuela marcaram uma marcha em Caracas contra a exploração de carbono em suas terras. De acordo com denúncias de grupos locais, a Companhia Vale do Rio Doce estaria explorando esse mineral em terras indígenas no estado de Zulia.