Integração social deve vir antes da integração econômica, defendem participantes do Fórum

25/01/2006 - 23h56

André Deak
Enviado especial

Caracas (Venezuela) – O melhor exemplo de integração latino-americana, para o economista cubano Osvaldo Martínez, é a integração que Cuba desenvolve com a Venezuela: troca de petróleo por médicos. "Ainda hoje se acredita que a integração econômica tem como subproduto o surgimento de uma integração cultural. O que acontece é a desintegração cultural", disse ele na conferência da noite desta quarta-feira (25) no Fórum Social Mundial de Caracas.

O professor equatoriano Alejandro Moriano defendeu uma idéia similar, de que é preciso desenvolver um "cosmopolitismo" do hemisfério sul, entre os pobres. Segundo ele, a cultura dos ricos acaba por integrar-se ao mundo todo, enquanto a cultura dos povos em desenvolvimento não ultrapassa nenhuma fronteira. "Não se conhece a arte vietnamita; as pinturas iranianas. Mesmo na América Latina, só conhecemos escritores de países vizinhos através da Espanha", disse.

O hondurenho Rafael Alegria, representante da organização Via Campesina, enfatizou que a integração não pode acontecer – e não acontece – somente com governos e acordos comerciais. Citou, como exemplo, a campanha 500 anos de resistência, organizada em 1992 por campesinos e indígenas para marcar a perseguição, o preconceito e os assassinatos que sempre sofreram.