Brasília, 25/1/2006 (Agência Brasil - ABr) - O diretor de Investimentos do Fundo de Previdência e Assistência Social Real Grandeza, Ermindo Cecchetto Júnior, afirmou hoje (25) que assumiu o cargo, em agosto do ano passado, para "colocar ordem na casa". Ele disse que encontrou no Real Grandeza (fundo de pensão da Eletronuclear e de Furnas) um "terrível mal-estar", devido à crise no Banco Santos, no qual o fundo tinha investimentos.

Cecchetto depôs na condição de testemunha na Sub-Relatoria de Fundos de Pensão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. A CPMI apresentou, recentemente, um relatório segundo o qual as perdas dos fundos de pensão investigados atingem R$ 730 milhões. São 14 os fundos investigados por perdas em aplicações financeiras desde 2000.

Ele disse que não tinha elementos para apontar falhas da diretoria anterior e lembrou as dificuldades de optar entre segurança e rentabilidade, enfrentando pressões de toda ordem, na hora de investir. Cecchetto informou que, desde que assumiu o cargo, está sendo realizada uma auditoria no fundo, mas, até agora, não se chegou a qualquer conclusão.

De acordo com o sub-relator de Fundos de Pensão, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), do total de R$ 1,1 bilhão que a Fundação Real Grandeza aplicou em certificados de depósito bancário (CDBs), entre 2000 e 2005, 51% ficaram concentrados em três bancos que apresentavam grandes riscos no mercado - BMG, Rural e Santos. No Banco Santos, que foi liquidado, a Real Grandeza mantinha R$ 153 milhões.

O ex-diretor de Investimento do Fundo de Previdência e Assistência Social da Real Grandeza fundo Jorge Luiz Monteiro de Freitas, que depôs na condição de investigado, negou, entretanto, ter deixado a casa "desarrumada", quando foi afastado do cargo após a renúncia do então presidente do fundo, Marco Antônio Ramos. Freitas discordou da afirmação e ressaltou que, até 2002, Cecchetto também era parte da diretoria e foi responsável por muitos investimentos.