Edla Lula e Ana Paula Marra
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu elevar o salário mínimo dos atuais R$ 300 para R$ 350 a partir de abril e atualizar a tabela do Imposto de Renda em 8%. A decisão foi anunciada oficialmente pelos ministros do Trabalho, Luiz Marinho, do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Casa Civil, Dilma Rousseff. Agora, para entrar em vigor, o novo valor do mínimo precisa ser aprovado no Congresso Nacional.
Durante o anúncio, o ministro Luiz Marinho afirmou que o governo começa a negociar em fevereiro com as centrais sindicais uma política de fortalecimento do salário mínimo a longo prazo. "O presidente Lula tem falado o tempo todo: nós não cometeremos nenhuma irresponsabilidade que coloque em risco a saúde financeira e econômica do país", disse Marinho, em coletiva à imprensa. Ele ressaltou que o aumento de R$ 50 no valor do minimo está "em perfeita sintonia" com as condições reais do país.
Segundo os cálculos do governo, o reajuste do mínimo e a correção da tabela terão impacto de R$ 6,6 bilhões no Orçamento. De acordo com o relator do Orçamento, deputado Carlito Merss (PT-SC), parte desse dinheiro já foi encontrada com a última estimativa feita. Segundo Merss, será preciso remanejar R$ 700 milhões para cobrir o reajuste. "Acho que a Comissão Mista de Orçamento vai encontrar mecanismos para viabilizar a proposta", afirmou o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indicam que é de 12,07% o aumento real do salário mínimo (descontando a inflação), com o reajuste de R$ 300 para R$ 350. O Dieese fez a projeção considerando a inflação de 4,1% no período entre 1º de maio de 2005 e 31 de março deste ano.
Ainda de acordo com as estimativas do Dieese, o salário mínimo passará a ter, em abril, poder de compra equivalente a 1,91 cestas básicas. Na série histórica realizada pelo Dieese, da relação entre as médias do salário mínimo anual e da cesta básica, esta é a maior desde 1979.
Os representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, e da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, consideraram satisfatório o acordo. "Acho que foi uma vitória da população brasileira mais pobre e da classe média. Se nós conseguirmos efetivar acordos dessa natureza nos próximos anos, vamos recuperar muito o salário mínimo e atualizar verdadeiramente a tabela de imposto de renda", avaliou Felício. O dirigente da Força Sindical disse que, durante a reunião, os sindicalistas também negociaram pensando na aprovação da proposta de reajuste no Congresso.
Leia abaixo as reportagens sobre o novo salário mínimo:
Governo vai retomar a negociação para fortalecer salário mínimo
Força Sindical e CUT aprovam acordo para aumento do mínimo
Aumento para R$ 350 pode incentivar demissões, avalia economista
Professor prevê aumento da atividade econômica com reajuste
Entidade pede compensação aos municípios para atenuar impacto
Economista defende correção de benefícios desvinculada do mínimo