Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A política de reajuste do salário mínimo é prejudicial às finanças públicas e, como vem sendo feita há dez anos, compromete o nível de investimentos no país. Essa é a opinião do economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fábio Giambiagi. Para ele, a política deveria incorporar aumentos reais, ou seja, levando-se em conta a inflação do período desde que fosse desvinculada dos valores dos benefícios da previdência. "Do jeito que esta vinculação existe hoje na Constituição, ela é extremamente prejudicial para os cofres públicos", afirmou o economista.
Para Giambiagi, só faz sentido estipular um salário mínimo destinado aos trabalhadores brasileitos. Ele defende que a Previdência Social tenha uma tabela própria de benefícios, e também uma política específica de correção. "Não faz nenhum sentido estender esse regime [de reajuste do salário mínimo] para quem está fora do mercado de trabalho. Isto não existe no resto do mundo", disse. O economista lembrou ainda que, embora o novo mínimo de R$ 350 possa ser ajustado ao Orçamento, os gastos para os governos federal, estadual e municipal serão pesados e se tornarão permanentes.
Giambiagi também defende o mês de janeiro como a data de reajuste do salário mínimo, para que o trabalhador usufrua dos efeitos da correção ao longo dos 12 meses correntes do ano. "Historicamente, o reajuste foi dado em maio, porque foi a data em que Getúlio Vargas concebeu o aumento e pelo fato de 1° de maio ser o Dia do Trabalhador. Mas não faz nenhum sentido entender que isso é algo fundamental. Na verdade, o reajuste pode ser dado a qualquer momento. Em alguns anos do governo FHC, o reajuste foi dado em abril, por exemplo. Eu defendo que o reajuste seja concedido em janeiro", observou.