Amorim diz que próxima reunião da OMC não deve avançar na questão dos subsídios

24/01/2006 - 19h35

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou hoje (24), em entrevista coletiva, que não acredita em grandes avanços na reunião anual da Organização Mundial do Comércio (OMC), que começa amanhã (25), em Davos, na Suíça. O evento vai até domingo (20).

"Não se pode esperar que haja um avanço notável. Em Hong Kong, chegou-se ao limite das negociações naquele momento. É preciso haver um tempo para que coisas mais substanciais voltem a ser discutidas. Irei para cumprir o ritual e também para estabelecer procedimentos para o futuro", disse o ministro.

Amorim ressaltou que a União Européia dá sinais negativos sobre questões discutidas na reunião de Hong Kong, ocorrida em dezembro do ano passado. "Eu não estava esperando que houvesse, nesse momento ainda, uma grande oferta a novos mercados. E, pelo que foi dito e tem sido colocado em Genebra por parte dos negociadores, estamos sentindo, por parte da União Européia, um movimento duplo. Na parte de agricultura, há um movimento de dizer que já fizemos tudo. Portanto, em outras palavras, dizer que a oferta é final", explicou.

Outro ponto abordado pelo ministro foi a questão de acesso a mercados. Segundo Amorim, a União Européia quer discutir a questão por meio de quantidades de produtos. Para ele, essa solução não é positiva, porque irá provocar divisões dentro dos países em desenvolvimento que, na reunião de Hong Kong, se uniram para negociar. "Mesmo que esse método permitisse atender aos interesses dos diversos países, isso seria insuficiente para gerar o tipo de redução de barreiras tarifárias que poderiam levar os Estados Unidos, um outro grande subsidiador, a reduzir da maneira que devem, da maneira que desejamos reduzir os seus subsídios domésticos", disse ele.

De acordo com o ministro, a impressão que os países desenvolvidos passam é que os acordos discutidos em Hong Kong nunca serão cumpridos. "O que está sobre a mesa é uma iniciativa disfarçada de retroceder. Fica a impressão de que começam a se criar mecanismos defensivos para que aquele compromisso ao qual se chegou em Doha, no Acordo 4 de 2004, e agora em Hong Kong, não sejam nunca cumpridos", afirmou.

Após a reunião da OMC, o ministro participa de uma conferência sobre o Afeganistão, a convite do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi-Anan. O Brasil foi o único país latino-americano convidado para a reunião. A conferência tratará sobre a participação da comunidade internacional na reconstrução do país.