Amazonas e Roraima possuem mais de 700 pistas de pouso suspeitas, aponta Sipam

24/01/2006 - 12h47

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus - O Centro Técnico Operacional (CTO) do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) em Manaus identificou 710 campos suspeitos de pouso terrestre não-homologados pelo Departamento de Aviação Civil (DAC) no Amazonas e em Roraima. A pesquisa foi feita entre julho de 2002 e outubro de 2005. Do total, 527 já eram de conhecimento da Aeronáutica, mas 183 ainda precisam ter as características e o uso verificados em operações de campo. Eles podem estar servindo a atividades criminosas, como o tráfico de drogas.

As informações foram divulgadas hoje (24) à Radiobrás pelo gerente do CTO-Manaus, Luciano Laybauer. Segundo ele, qualquer pista de pouso aberta na floresta amazônica fornece sinais que podem ser identificados nas imagens geradas pelos satélites Landsat-5 (norte-americano) e Cbers-2 (sino-brasileiro), com as quais o Sipam trabalha. "De maneira geral, o campo de pouso é precedido por desmatamento. Por menor que seja a aeronave, ele tem de 150 a 300 metros. E a resolução desses satélites é de 20 a 30 metros por pixel [ponto na imagem gerada]".

"Nossos relatórios são passados aos demais órgãos que compõem o Sistema Brasileiro de Inteligência", revelou Laybauer. "A gente informa também as características da região do entorno do campo. São dados que ajudam a formular hipóteses do uso desses locais de pouso. É a Polícia Federal que vai verificar se eles dão suporte ao crime organizado."

O coordenador geral de Política de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal, delegado Ronaldo Urbano, informou ontem à Radiobrás que uma pista clandestina havia sido dinamitada em Santana do Araguaia e que outras duas deveriam ser destruídas hoje, também no sul do Pará. Todas elas eram utilizadas por narcotraficantes. Ao todo, a Polícia Federal já explodiu 51 pistas clandestinas na Amazônia, nos últimos cinco anos.