Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Desde os anos 90 o Brasil precisa de uma renovação da política econômica. Essa é a opinião do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paulo Nogueira. "O Brasil continua crescendo muito abaixo de seu potencial, as taxas de desemprego são muito elevadas, então o país ainda carece de um projeto de desenvolvimento", afirmou.
Nogueira participa hoje (25) do seminário do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que discute alternativas para a política econômica do Estado.
Para o economista, existe no país uma crença de que o caminho que está sendo seguido é o único possível, "uma idéia equivocada que precisa ser combatida para o desenvolvimento do país". Para Nogueira, a discussão sobre o aumento ou não o superávit primário (economia feita pelo governo para pagar juros da dívida) – um dos assuntos abordados pelos participantes do seminário – "já está superada pela prática".
"O Ministério da Fazenda já está fazendo isso e eu diria que se o Banco Central acelerasse o ritmo de redução da taxa de juros é possível praticar um superávit menor e ainda sim estabilizar a dívida pública", diz ele.
O economista e ex-presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, fez críticas à política econômica do governo federal. Segundo ele, no Brasil o foco deve ser a geração de emprego. "Políticas que deprimem a taxa de investimento macroeconômica são políticas que não geram emprego, exatamente o que o país está fazendo".
Lessa disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o mandato acreditando que faria uma política econômica de transição e resolveu convertê-la em política permanente. Para ele, uma das causas seria as promessas de apoio internacional que, contudo, acabaram não foram cumpridas.
"Nossas políticas monetária e fiscal fazem um enorme esforço para que as agências de classificação de risco abaixem nosso risco Brasil. As agências estão dizendo agora que um país que mantém uma taxa de juros real tão alta e cresce tão pouco é um risco alto e ‘não abaixam a taxa’", explicou.
Já o presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Ricardo Berzoini, citou os bons resultados alcançados pela política econômica do governo. "O emprego está crescendo, duplicamos as exportações, reduzimos a relação entre dívida e Produto Interno Bruto (PIB). Entraremos em 2006 com uma inflação sob controle, podendo reduzir as taxas de juros e acelerar o crescimento", avaliou.