Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio – O Brasil só vai diminuir a desigualdade social quando crescer economicamente a taxas elevadas. A afirmação é do economista André Campos, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O comentário foi feito em cima dos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - 2004 (PNAD), divulgada hoje (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta uma pequena redução no índice de desigualdade social no país.
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"Na verdade a desigualdade no Brasil não vai se mexer se você não mexer no crescimento. E eu digo: crescer a taxas acima de 5%", defende. "Os especialistas apontam que, taxas a partir de 5% tem um efeito considerável sobre a dinâmica do mercado do trabalho e sobre a questão da transferência de renda no Brasil."
Segundo André Campos, "o ano passado foi atípico porque teve um crescimento até que significativo do PIB brasileiro (4,9%)". Mas, segundo ele, apesar do "crescimento importante, a criação de postos de trabalho não foi muito acentuada (cerca de 2,7 milhões)." O economista destacou também que a qualidade dos empregos melhorou em 2004 referindo-se ao numero de trabalhadores contratados com carteira assinada.
Campos lembra que se for observada uma série histórica mais longa, será possível perceber que o rendimento médio real do trabalhador chegou a cair cerca de 20% nos últimos oito anos e, desde então, permaneceu praticamente estável.
"Em 1996, o rendimento médio do trabalhador brasileiro chegava a R$ 903 em termos reais." Em 2004, de acordo com a PNAD, este rendimento corresponde a apenas R$ 733. Ou seja: houve uma variação negativa. O economista lembrou, também, que o Brasil continua sendo o país com o maior índice de Gini do mundo – índice que mede a distribuição de renda. "E quanto maior ele for, maior será a desigualdade".