Dados de pesquisa mostram que trabalhador não está organizado, diz presidente de central sindical

25/11/2005 - 17h06

Melina Fernandes
Da Agência Brasil

São Paulo – O que o relatório da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (Pnad) mostra é que a maioria dos trabalhadores brasileiros ainda é desorganizada para reivindicar seus direitos, analisa o diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Antonio Carlos Spis. Segundo a Pnad, 18% da população economicamente ativa estava sindicalizada em 2004, ou seja, para cada trabalhador sindicalizado há 5 que não são. Spis considera essa taxa muito pequena.

Ele explica que a CUT é composta por mais de 3.300 sindicatos, o que corresponde a 23 milhões de trabalhadores, e desses apenas 7,5 milhões são sindicalizados. Isso significa que cerca de 30% estão associados a sindicatos. "Até na própria CUT os números são pífios. Então, há muito trabalho a ser feito do ponto de vista do esclarecimento, da politização, para que o trabalhador entenda que o sindicato realmente é um instrumento de defesa dos seus direitos. Quando ele entender, irá mais ao sindicato".

Na opinião de Spis, a baixa taxa de sindicalização não se dá por falta de credibilidade das entidades, pois segundo ele as pesquisas indicam uma imagem positiva dos sindicatos. Ele destaca que quanto mais a sociedade brasileira se sensibilizar para que ela própria possa reivindicar os seus diretos e que o sindicato é um meio que faz isso, maior será a adesão. "Enquanto não tiver esse compromisso de politização, esse número vai continuar muito ruim".

O futuro da questão sindical, para o diretor da CUT, depende de dois fatores: "Há necessidade tanto de o trabalhador se conscientizar e vir ao sindicato, quanto do sindicato criar instrumentos que realmente garantam que o trabalhador possa vir e que ele vai ter voz. Há muitos sindicatos que querem pegar a sindicalização única e exclusivamente para garantir a arrecadação financeira".

Segundo Spis, os sindicatos no Brasil estão batalhando para que haja uma reformulação na ação sindical, cuja nova estrutura está em debate no Fórum Nacional do Trabalho. Entre as propostas está a da divisão dos sindicatos por ramos de produção, o fim do imposto sindical e de outras taxas obrigatórias.