Com previsão para durar três anos, obra da Transnordestina deve custar R$ 4,5 bilhões

25/11/2005 - 4h57

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A obra da nova Transnordestina deve durar três anos, com início em 2006, prevê o Ministério dos Transportes. A construção e operação ficarão a cargo da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) – concessionária da malha ferroviária da região. O projeto exigirá investimentos de R$ 4,5 bilhões, que serão aplicados na construção do novo trecho, na compra de novos vagões e locomotivas e na recuperação de trechos existentes.

Os recursos vêm de diferentes fontes. O Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) financiará 2,05 bilhões, o Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor) disponibilizará R$1,5 bilhão e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fará um empréstimo de R$ 400 milhões. Os acionistas entrarão com R$ 300 milhões de novos recursos e os novos acionistas com R$ 250 milhões.

"Para chegar a esse arranjo financeiro foram muitos meses de discussão", revelou Pedro Brito, secretário-executivo substituto do Ministério da Integração e coordenador do projeto da ferrovia. Os recursos vão ser liberados simultaneamente por todos os agentes financiadores na medida em que avançar o cronograma da obra.

"A CFN vai obter esses financiamentos e ela mesma vai construir a ferrovia e depois operá-la por 25 anos. Esse patrimônio, ao final da concessão, reverte todo para a União", explicou o coordenador. Ele esclareceu ainda que a União não investirá no negócio – apenas financiará o investimento. "São empréstimos que o grupo privado vai tomar e vai pagar no prazo acertado", afirmou.

Em 2010, a Transnordestina deverá ter valor de mercado de US$ 500 milhões, avaliou a CFN. Toda a ferrovia será em bitola larga, com 1,60 metro de largura, que é o novo padrão mundial. "Por ser mais larga, permite mais estabilidade e, portanto, mais velocidade no transporte. Também possibilita maior poder de carga uma vez que permite composições com duas máquinas e dezenas de vagões", acrescentou Pedro Brito, em entrevista exclusiva à Agência Brasil.

Ele contou que quando as ferrovias foram implantadas no Brasil, os equipamentos comprados eram norte-americanos de bitola métrica, que estavam sendo desativados. Atualmente, grande parte das ferrovias brasileiras é de bitola métrica, o que encarece o transporte.

Hoje, segundo dados da CFN, o custo médio de transporte no Brasil, para mil toneladas, é de US$ 24,5 por quilômetro. Nos Estados Unidos, o transporte de mil toneladas por quilômetro (TKU) custa, em média, US$ 17. Na prática, o Brasil gasta, por ano, US$ 6 bilhões a mais do que os Estados Unidos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia hoje (25) em Fortaleza a construção da nova Transnordestina. Toda a obra envolve investimentos de R$ 4,5 bilhões, dos quais R$ 3,95 bilhões de financiamentos do governo federal. O projeto original da Transnordestina foi iniciado em 1990 e paralisado no final de 1992, segundo o Ministério dos Transportes.


Clique na imagem para vê-la em tamanho maior