Central de denúncias de violência contra a mulher deve receber 200 chamadas diárias, estima ministra

25/11/2005 - 12h14

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Duzentas ligações por dia devem chegar à central telefônica lançada hoje (25) para receber denúncias de violência contra as mulheres e para orientar e encaminhar as vítimas para os serviços especializados. Essa é a expectativa ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, que participou da inauguração do número de telefone 180.

No ano passado, mais de 189 mil brasileiras acima de 10 anos foram internadas em hospitais por problemas ligados à violência. Segundo o ministro da Saúde, Saraiva Felipe, entre as principais causas dessas internações estão fraturas, luxações e traumatismos em diversas partes do corpo, inclusive no crânio. "Isso realça e ressalta a importância desse trabalho", avaliou.

Nilcéa Freire disse que a expectativa é que o serviço aumente a procura de ajuda por parte das vítimas. "Como é um serviço sigiloso, elas poderão ligar sem medo de se exporem", afirmou a ministra.

O serviço está funcionando em todo o país através do número 180. A ligação é gratuita e a identidade das pessoas que fizerem a denúncia e das vítimas serão mantidas em sigilo. As atendentes, todas psicólogas ou concluintes do curso de Psicologia, darão orientações para que a vítima se proteja do agressor. Ela será informada também sobre seus direitos legais e sobre os locais que deve procurar, como as delegacias de mulher, defensorias públicas, postos de saúde, instituto médico legal para casos de estupro e casas de abrigo.

Nos três primeiros meses, a central de atendimento funcionará em caráter experimental de 7h às 18h40, de segunda a sexta-feira. Ao todo, são 12 profissionais que estarão fazendo o atendimento, dividas em equipes de quatro. A partir de março, o serviço passará a funcionar 24 horas diariamente, inclusive finais de semana.

O lançamento do serviço marca o início da campanha Sua Vida Recomeça Quando a Violência Termina, iniciativa do governo federal como parte das atividades do Dia Internacional da Não-Violência Contra as Mulheres, comemorado hoje. Também participaram do lançamento a primeira-dama, Marisa Letícia Lula da Silva, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, e o secretário Nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa.

No Brasil, 11% das brasileiras já foram vítimas de espancamento. O dado faz parte de uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo com 61,5 milhões de mulheres. Este percentual representa, portanto, um total de 6,8 milhões de mulheres. O levantamento aponta ainda que uma em cada cinco mulheres foi agredida pelo menos uma vez. A pesquisa mostra também que o marido ou companheiro é responsável por 56% dos espancamentos, 53% da ameaça com armas e 70% da destruição dos bens. Mais da metade das vítimas não procura ajuda.