Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio – Apesar do número de computadores interligados à internet ter crescido 3,8%, entre 2001 e 2004, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004 (PNAD), o Brasil continua com uma legião de excluídos tecnológicos. A afirmação é do diretor executivo do Comitê para a Democratização da Informática (CDI), Rodrigo Baggio. A entidade atua na área de inclusão digital.
Ao comentar os números da PNAD, que indicam um crescimento de 11,2% no número de moradias com microcomputadores, entre 2003 e 2004, Baggio reconheceu o avanço, mas avaliou que não chega a ser um avanço significativo do ponto de vista social."Os números configuram um novo tipo de apartheid. O apartheid digital. Somente as camadas mais favorecidas da sociedade estão tendo um acesso grande à internet e a computadores. Mas a de baixa renda não. Ampliar o acesso é o desafio daqui por diante", afirma.
Baggio é enfático ao reafirmar que os "nossos brasileiros" de baixa renda estão em uma situação de exclusão. "Quase que como uma nova casta: a dos excluídos digitais. Que estão à margem da nova sociedade da informação e do conhecimento".Ele cita que nos Estados Unidos, 60% da população está conectada à internet, e que um a cada três europeus acessam a rede mundial de computadores. "O país ainda está numa situação muito distante do ideal".
O diretor executivo do CDI, no entanto, acredita que a expansão significativa do parque nacional de celulares, também constatada pela PNAD, pode vir a ser um fator diferencial neste processo de exclusão. "Eu vejo que o uso de celular junto á população de baixa renda tem crescido muito. Comunidades como a Rocinha e o Vidigal (ambas no Rio de Janeiro) fazem muito uso do celular. Na opinião de Baggio, "os preços e a facilidade de pagamento, como no caso dos pré-pagos, ainda farão do celular, a médio prazo, um instrumento de inclusão digital. Nós vamos estar criando uma alternativa de acesso à Internet bem mais barata através desses aparelhos", explica.