Brasil e Argentina discutem destino do acordo automotivo na segunda-feira (7)

05/11/2005 - 15h05

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A delegação brasileira no Grupo de Trabalho Automotivo Brasil-Argentina desembarca em Buenos Aires (Argentina), nesta segunda-feira (7), disposta a brigar por pelo menos a manutenção das atuais condições do comércio de carros entre os dois países. As duas delegações vão discutir os rumos do acordo no setor, que termina em dezembro de 2005.

A partir de janeiro de 2006 teria início o livre comércio de automóveis entre as duas economias. Mas, ao contrário do que estabelece o acordo, o governo argentino quer restringir ainda mais as condições para a entrada no país dos carros fabricados no Brasil.

A proposta do vizinho brasileiro é alterar o mecanismo criado para administrar o comércio bilateral de carros, chamado "trade flex", diminuindo a proporção dos valores estabelecidos para a compensação entre exportação e importação. Pelo flex atual, a cada US$ 100 que um dos países exportar para o outro, poderá importar até US$ 260 sem pagar imposto de importação.

Em nota, o secretário do Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Antonio Sérgio Martins Mello, disse que essa alteração representaria um "retrocesso indesejável" no processo de integração do Mercosul. "O Brasil defende um mercado livre, mas defende também que haja harmonia no crescimento dos mercados, da produção e dos investimentos. Temos de adotar uma política que contemple o crescimento, respeitando a proporcionalidade dos países", afirma o secretário.

A Argentina argumenta que o acordo automotivo em vigor faz com que, atualmente, 63% dos automóveis vendidos por lá sejam fabricados no Brasil. Para o governo brasileiro, o desequilíbrio pode ser explicado pela diminuição do poder aquisitivo da população vizinha que, não podendo mais comprar os veículos de maior valor produzidos no país (médios e utilitários esportivos), passaram a comprar os carros compactos brasileiros de menor valor.

O Brasil defende que, caso haja a liberalização a partir de 2006, as forças de mercado atualmente existentes continuariam a regular o comércio entre os dois países. Mas no caso de não ser possível a consolidação do livre comércio, a prorrogação das atuais condições do flex, daria aos países mais tempo para estabelecer melhores bases para um futuro acordo de livre comércio.