Rede de direitos humanos considera "arbitrária" prisão de sem-teto

30/10/2005 - 18h34

Aline Beckenstein
Repórter da Agência Brasil

Rio – A prisão de Américo Novaes, principal líder do grupo de sem-teto que ficou cerca de um ano acampado no bairro de Parque Oeste, em Goiânia, foi considerada "arbitrária" e "suspeita" pela rede de entidades Direitos Humanos, Econômicos, Sociais e Culturais (DHESC). De acordo com um dos relatores da DHESC, Flávio Valente, a rede irá pedir, nesta segunda-feira (31), ao secretário de Direitos Humanos, Mário Mamede, mais investigações sobre o caso.

O sem-teto foi preso, na última quarta-feira, apenas um dia antes de a Prefeitura apresentar a nova lista de famílias que seriam beneficiadas por moradias em um novo acampamento. A alegação policial seria que Novaes estaria coagindo testemunhas do inquérito que investiga os responsáveis pelos tiros que atingiram o comandante da operação que removeu as famílias de Parque Oeste, em fevereiro deste ano.

"É muito estranho que a prisão tenha sido determinada, depois de todos esses meses, um dia antes de as famílias serem informadas que nem todas terão direito às novas moradias. O que parece estar acontecendo é uma tentativa de desmobilizar o movimento".

Flávio Valente também criticou a morosidade do inquérito que investiga a morte de dois dos sem-teto, que teriam ocorrido durante a remoção das famílias, feita em menos de duas horas, durante o mês de fevereiro. Na ação, uma pessoa também teria ficado paraplégica, e várias, feridas. Segundo ele, até agora ninguém foi indiciado no caso.

Atualmente, cerca da metade das três mil famílias que ocupavam Parque Oeste estariam vivendo no bairro de Grajaú, enquanto a prefeitura e o governo do estado se mobilizam para organizar as transferências para um outro bairro, mais afastado do centro de Goiânia.