Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Influenciar o processo de construção de políticas públicas que garantam a saúde do trabalhador da floresta será o principal desafio dos 20 delegados que representarão o Amazonas na 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, prevista para novembro em Brasília. A afirmação é da coordenadora estadual de Saúde do Trabalhador da Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas (Susam), Laura Jane Brasil da Silva.
"No Sul e Sudeste do país a gente tem muito trabalhador no setor industrial. E aqui a gente só tem indústrias no pólo da capital. Mas a gente tem o trabalhador do campo, da pesca, do extrativismo. Então, o desafio é fazer com que essa nossa cultura regional seja levada em consideração", declarou.
Segundo Laura Jane, não há estatísticas que revelem quantos são esses trabalhadores e quais os problemas de saúde que eles enfrentam. "Precisamos diagnosticar eficazmente essa realidade para implantar ações voltadas ao trabalhador da floresta. No Pólo Industrial de Manaus, sabemos que o operário das indústrias de montagem é acometido por lesões por esforço repetitivo (LER) e por lesões induzidas por ruídos. Mas os pescadores também contraem LER e são vítimas de acidentes de trabalho com animais peçonhentos, por exemplo", argumentou.
Os 20 delegados do Amazonas foram eleitos na 1ª Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador, realizada em Manaus de 1º a 4 de outubro, com a presença de 140 representantes de 23 municípios. "Trinta municípios realizaram conferências municipais, mas sete não enviaram representantes. A gente discutiu na conferência estadual as propostas enviadas pelos municípios. E elegeu os delegados para a 3ª Conferência Nacional. Dos 20 eleitos, cinco representam os gestores; cinco, os trabalhadores; e dez, os usuários", explicou Laura Jane.
A coordenadora contou ainda que três eixos de discussão nortearam os debates, tanto das conferências municipais quanto da estadual: como garantir a integralidade e a transversalidade da ação do estado na saúde do trabalhador; como incorporar a saúde do trabalhador nas políticas de desenvolvimento sustentável no país; e como efetivar e ampliar o controle social em saúde do trabalhador.
"O mais discutido aqui no Amazonas foi o primeiro eixo. Entre as propostas que levaremos à Conferência Nacional estão: interligar as ações dos ministérios da Saúde, Previdência Social, Trabalho e Meio Ambiente; e realizar palestras e seminários voltados ao tema da educação ambiental e da saúde do trabalhador, apresentando alternativas de tratamento do lixo, por exemplo", concluiu.