Conferência paulista propõe banco de dados sobre saúde dos trabalhadores

30/10/2005 - 7h54

Fábio Calvetti
Da Agência Brasil

São Paulo - A Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador em São Paulo reuniu cerca de 800 pessoas, entre os dias 14 e 16 de outubro, que discutiram os eixos temáticos e as propostas a serem levadas para o encontro nacional. Antes, já haviam sido realizadas mais de 200 conferências em 150 cidades, mobilizando aproximadamente 40 mil pessoas nas discussões sobre a saúde do trabalhador.

Os principais pontos discutidos em São Paulo, e que devem ser encaminhados à Conferência Nacional em Brasília, em novembro, estão relacionados à integração das informações de diferentes órgãos públicos, como ministérios e secretarias do Trabalho, da Previdência Social e da Saúde. Uma das propostas é a consolidação do Observatório Estadual de Saúde do Trabalhador, um órgão de inteligência para organizar informações sobre o assunto.

"Ele organizaria, coletaria e produziria informações que existem – mas estão espalhadas e desarticuladas nas bases da Previdência, do Trabalho e da Saúde –, para que nós pudéssemos planejar de maneira mais eficiente as ações em saúde do trabalhador, inclusive nos antecipando aos riscos que porventura existissem, comprometendo a segurança dos trabalhadores", afirma o médico sanitarista José Carlos do Carmo, um dos coordenadores da conferência paulista.

Em Brasília, também deverá ser discutida a implantação de um banco de dados com informações e estatísticas sobre ocorrências de doenças e de acidentes no trabalho pelo país. De acordo com o médico Koshiro Otani, coordenador de Saúde do Trabalhador da Secretaria Estadual de Saúde, a falta de informações concretas sobre o assunto é um dos maiores entraves ao desenvolvimento das políticas públicas. "Há um número muito grande de informações que não nos chegam, em virtude da falta de um sistema de informação. Então, o que nós podemos fazer é estimar, projetar o que esteja ocorrendo no país e no estado de São Paulo", afirma Otani.

Outro ponto que será discutido em Brasília pelos delegados paulistas é o Grupo Executivo Intersetorial de Saúde dos Trabalhadores (Geisat). Atualmente, o órgão só está em vigor em São Paulo e envolve a secretaria estadual de Saúde, a delegacia regional do Trabalho, a superintendência do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) e outras instituições. "A nossa idéia é que esse grupo consiga constituir-se em um elemento catalisador das ações desses diferentes órgãos", diz José Carlos do Carmo.

A conferência em São Paulo também levará à versão nacional propostas de aumentar recursos nos municípios para a área de saúde do trabalhador e implementar meios de comunicação acessíveis a todos os níveis culturais da população, como folhetos, programas de rádio e revistas em quadrinhos.