Retomada de preço do café ainda não anima agricultores, revela pesquisa

23/09/2005 - 22h21

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Uma pesquisa realizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) junto a 570 cafeicultores de todo o país revela que recuperação dos preços mundiais anda não anima o setor. De acordo com levantamento, feito nos meses de julho e agosto, 77% dos cafeicultores brasileiros não pretendem aumentar a área plantada e 10% pretendem, inclusive, abandonar a produção de café e investir em outras culturas.

Existe, no entanto, grande preocupação com a qualidade do produto plantado. Parcela de 49% dos produtores consultados garantiu ampliará os investimentos em tratos nos cafezais, o que deve resultar na produção de grãos de melhor qualidade. Também é grande o interesse na agregação de valor e prospecção de novos nichos de mercado. Quase metade dos cafeicultores consultados, 43%, já produzem ou pretendem investir nos segmentos de cafés especiais e/ou orgânicos. Outro dado curioso: apesar do Brasil ser o maior exportados de café do mundo,a maioria dos produtores consultados, 76%, comercializa seu produto apenas no mercado interno. Destes, 59% não pensam em exportar e 17% pretendem exportar em dois anos.

A crise da cafeicultura durou de 2000 a 2004, resultado do excesso de oferta e de estoques elevados do produto O pior momento foi registrado em 2002, quando a oferta mundial atingiu 121,945 milhões de sacas, segundo dados da Organização Internacional do Café. Naquele ano, segundo a CNA, o Brasil produziu 48 milhões de sacas. O quadro começou a mudar no final de 2004, com aumento da demanda em relação à oferta. A situação vem se mantendo em 2005, com uma oferta mundial de café de cerca de 110 milhões de sacas para um consumo estimado de 119 milhões de sacas.