Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A cafeicultura passou uma de suas mais graves crises de 2000 a 2004, quando os preços do produto despencaram no mercado internacional, graças ao excesso de oferta e aos estoques elevados. O ápice da crise foi registrado em 2002, quando a oferta mundial atingiu 121,945 milhões de sacas, segundo dados da Organização Internacional do Café.
Naquele ano, o Brasil – maior produtor e exportador de café do mundo e segundo maior consumidor mundial do produto, atrás apenas dos Estados Unidos – produziu 48 milhões de sacas, de acordo com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). E o preço da saca de 60 quilos chegou a US$ 40 – metade do custo de produção.
A cotação de exportação de café solúvel, por exemplo, caiu de US$ 185 em 1995 para US$ 68,30 em 2002, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) fornecidos pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). A queda de preços atingiu especialmente países da África, Ásia e América Latina. Em 2003, a Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a declarar que o declínio nos preços de produtos básicos, como o café, estava contribuindo para aumentar a pobreza e tornando mais difícil alcançar os objetivos de desenvolvimento do Milênio.
Produzido em mais de 60 países, o café proporciona o sustento de cerca de 25 milhões de famílias de cafeicultores – no Brasil, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, proporciona 7 milhões de empregos diretos e indiretos, ajudando a fixação ao homem ao campo.
O furacão responsável pela crise do setor passou no final de 2004, com o aumento da demanda. O quadro favorável vem se mantendo neste ano, com uma oferta mundial de café de 110 milhões de sacas para um consumo estimado de 119 milhões de sacas, e preço da saca em torno de US$ 100. A produção brasileira estimada atual é de 33,3 milhões de sacas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A área plantada é de 2,2 milhões de hectares e as regiões mais produtivas estão nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Bahia e Roraima. Segundo o Ministério da Agricultura, o país consome internamente 25% de sua produção e exporta os 75% restantes, com participação de 40% no mercado mundial de café.