Brasília - Apolônio de Carvalho teve papel destacado em todos os momentos mais importantes da história da democracia no século 20. A partir de 1935, participou da criação da Aliança Nacional Libertadora (ANL), uma organização de defesa da do nacionalismo e da democracia, como ele mesmo descreveu.
Preso em 1935 pelo governo de Getúlio Vargas, Apolônio de Carvalho decide, depois de libertado, apresentar-se voluntariamente para lutar contra o nazismo na Espanha, onde ficou de 1937 a 1939. Continuou a luta na França, até o final da 2ª Guerra Mundial. De volta ao Brasil, em 1946, engaja-se na luta contra a ditadura de Getúlio Vargas.
Na década de 60, participou da oposição popular e democrática ao regime militar e, em 1981, tornou-se um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT).
Nascido em Corumbá, atual Mato Grosso do Sul, em 1912, Apolônio de Carvalho era filho de um soldado sergipano e de mãe gaúcha. Teve contato com a política bem jovem, na época em que cursou a escola militar, conforme disse à revista Teoria e Debate em 1989: "Em fins de 1933 eu já era oficial, achava que era necessário mudar a sociedade brasileira", contou ele.
Dois anos depois, ajudou a criar a ANL: "um colega do Rio Grande do Sul, um capitão do Exército, me falou da ANL (...) Então, eu participei da organização dessa frente popular
Poucos meses depois, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro. Segundo disse Apolônio a Teoria e Debate, o ideário do PCB "era muito parecido com o da ANL: contra os monopólios estrangeiros, pela reforma agrária, pela autonomia sindical, pelas liberdades sindicais, pelas amplas conquistas sociais".
Durante a luta contra o regime militar, Apolônio de Carvalho abandonou o PCB para fundar o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). No final dos anos 1970, aproximou-se dos grupos que então trabalhavam para criar o PT. "Nós tivemos uma imensa simpatia pelo PT", disse ele. "Em fevereiro de 1980, quando se lança (o partido) oficialmente, vemos o primeiro partido de esquerda em todo o século que pleiteia, como um de seus traços essenciais, a conquista da legalidade".