Produção cafeeira internacional é tema de conferência na Bahia

23/09/2005 - 6h39

Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Neste fim de semana, realiza-se em Salvador a Segunda Conferência Mundial do Café, principal evento da cafeicultura internacional, que será aberta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues.

Promovida pelo Ministério da Agricultura, em parceria com a Organização Internacional do Café, a conferência tem em sua pauta questões da produção e do mercado. Foram convidados para o evento os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe Vélez, e de El Salvador, Elias Antônio Saca, além de dezenas de delegações de outros países produtores.

A previsão é de que participem da conferência cerca de 1.000 pessoas, metade das quais produtores e técnicos brasileiros. O Brasil é o maior exportador e produtor mundial de café, com uma safra estimada em 33,3 milhões de sacas para 2005/06.

O secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Linneu Costa Lima, defende que o Brasil "precisa manter ou superar a participação atual de 40% no mercado mundial de café". Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) revelam que a cafeicultura movimenta US$ 90 bilhões no mundo e o consumo mundial em 2005 será de 119 milhões de sacas de 60 quilos, mas a produção deve variar de 105 a 110 milhões de sacas. O mercado internacional detém estoque de 20 mil toneladas de sacas de 60 quilos do produto.

"Em 10 anos, o consumo mundial de café deve chegar a 146 milhões de sacas por ano. O Brasil precisará fornecer 60 milhões de sacas para manter sua participação de mercado", avalia Costa Lima. Ele lembra que a cafeicultura é uma das atividades que mais gera empregos no mundo. "No Brasil, 8,5 milhões de pessoas dependem direta e indiretamente do café. Na Bahia, esse número é de 250 mil pessoas". Segundo a CNA, 25% dos produtores de café no Brasil estão na agricultura familiar.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) informou que vai apresentar na conferência um equipamento criado pelo seu núcleo de pesquisas para multiplicar mudas de café e outras plantas, com muito mais higiene, segurança e economia. Trata-se de um biorreator que funciona com um sistema de frascos de vidro interligados por tubos de borracha flexível, pelos quais as plantas recebem ar e solução nutritiva por aspersão ou borbulhamento. O equipamento tem a função de produzir plantas de forma semi-automática, com monitoramento e controle das condições de cultivo, além de diminuir a manipulação das culturas.

De acordo com o pesquisador da Embrapa João Batista Teixeira, responsável pelo desenvolvimento do biorreator, "a clonagem de plantas tem se mostrado uma ótima opção para acelerar a produção de variedades híbridas de café de qualidade especial, com resistência a pragas e doenças".

Com informações do Ministério da Agricultura e da CNA.