Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O irmão da missionária Dorothy Stang, David Stang, esteve hoje (23) com o presidente do Tribunal de Justiça do Pará, desembargador Milton Nobre, para acompanhar as investigações sobre o crime, o processo contra os assassinos e as medidas tomadas pelo poder público brasileiro.
Segundo o advogado Darci Figo, coordenador da organização não-governamental Terra de Direitos e um dos integrantes da equipe de acusão, "Nobre se comprometeu a julgar os recursos dos executores e mandantes do assassinato até o final de outubro, e demonstrou interesse em não desmembrar os processos". Figo lembrou que "quanto mais rapidamente esses recursos forem julgados, mais rápida será a marcação do júri e a punição dos assassinos."
Dorothy Stang foi assassinada em fevereiro a mando de fazendeiros e madeireiros incomodados com o apoio dado por ela aos pequenos produtores rurais na região de Anapu, no Pará. Estão presos dois executores, um intermediário e dois mandantes do crime. Em diversas ações, eles tentam contrariar a sentença do juiz de Pacajá, Lucas do Carmo, que determinou o julgamento em júri popular. A família da irmã reivindica que o júri ocorra em Belém para evitar conflitos na região de Anapu.
Na segunda-feira (26), David Stang chegará a Brasília e pretende reivindicar, no Superior Tribunal de Justiça (STF), a federalização do crime e atenção especial para os possíveis recursos dos acusados pelo assassinato de Dorothy. David tem ainda encontro marcado com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a quem planeja pedir a continuidade das investigações da Polícia Federal em busca de outros mandantes.
"O irmão da Dorothy quer participação da Polícia Federal na segurança dos funcionários do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) que atuam na região de Anapu", adiantou o advogado Darci Figo. "Ele também terá um encontro com a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputada Iriny Lopes (PT-ES), a quem denunciará a ação da polícia de Anapu, que continua a criminalizar os trabalhadores rurais", acrescentou.