Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus – O tenente-coronel Augusto Cesar de Andrade, responsável pela comunicação do 1ª Brigada de Infantaria da Selva (que engloba o norte do Amazonas e todo o estado de Roraima), afirma que os militares ainda não foram chamados a reconstruir parte da ponte que passa sobre o rio Urucuri e dá acesso à parte norte da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Entretanto, segundo Najib Lima, coordenador do grupo executivo do Conselho Gestor das Ações do Governo Federal em Roraima, o Exército deverá consertar a ponte e tomar providências emergenciais para garantir o tráfego de veículos de grande porte. "Com quatro pranchões de ferro, de 6,5 metros cada um, será possível fazer uma ponte auxiliar", explica Gonçalo Teixeira, administrador-regional da Fundação Nacional do Índio (Funai). "Fui informado de que a ponte oferece condições para passagem de automóveis de pequeno porte, até caminhão pequenos", completa.
Por volta das 3 horas da madrugada de ontem (22), a ponte foi parcialmente queimada e os ônibus que estavam na aldeia Maturuca não puderam deixar a reserva. Nessa aldeia ocorrem, desde quarta-feira, as comemorações organizadas pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR). Cerca de três mil pessoas celebram o período de colheitas e a homologação da Raposa Serra do Sol, decretada em 15 de abril.
A Polícia Federal afirmou hoje não ter registrado novos conflitos no interior ou no entorno da terra indígena. Sessenta e cinco policias federais de vários estados foram deslocados para a área. Segundo o superintendente da PF no estado, Ivan Herrero, eles ficarão concentrados nos arredores da barreira de Placas, perto da ponte queimada.
O secretário estadual dos Direitos Indígenas Adriano Nascimento, disse ontem acreditar que os responsáveis por queimar o Centro de Formação e Cultura Raposa Serra do Sul (antiga missão Surumu), no último sábado, também estavam envolvidos no atentado à ponte. "Acho que foram as mesmas pessoas que atearam fogo contra a missão".
O CIR acusa o vice-prefeito de Pacaraima, Anísio Pedrosa, e o vereador do município da aldeia Contão, Genivaldo Macuxi, de serem os "cabeças" do atentado. Ambos são ligados ao prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero, maior produtor de arroz da região.