Brasil precisaria abrir sua economia para ser mais competitivo, diz Fiesp

23/09/2005 - 19h36

Bruno Bocchini e Edla Lula
Repórteres da Agência Brasil

São Paulo e Brasília – A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) defendeu nesta semana uma abertura maior da economia brasileira, para que o país se torne competitivo internacionalmente. A pesquisa Índice Fiesp de Competitividade das Nações, divulgada ontem (22), identificou oito fatores que restrigiriam a competitividade brasileira, como alto custo do capital (financiamentos muito caros), investimento insuficiente em infra-estrutura e em tecnologia, e abertura econômica internacional insatisfatória.

"Quando eu falo em abertura, não é essa abertura ingênua de baixar as alíquotas de importação", explicou o diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho. "Quando eu falo em abertura, é o país ter uma participação maior no comércio internacional, é ter uma participação compatível com o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB), no comércio internacional".

Críticas à diminuição das alíquotas de importação foram feitas recentemente também pelo presidente da instituição, Paulo Skaf. Apesar de a Fiesp pregar maior abertura econômica, Skaf afirmou, em nota, que a diminuição das alíquotas precisaria ser discutida com o empresariado e só levada adiante se o Brasil obtivesse garantias de que, ao ceder em relação a seu setor industrial, teria benefícios para outros setores produtivos.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse que a proposta de redução de tarifas para produtos não-agrícolas a ser encaminhada pelo Brasil na reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), prevista para dezembro, em Hong Kong, está condicionada a soluções internas para a produção.

"Nossa proposta é baseada num princípio chamado isonomia competitiva. Nós podemos ter um grau de abertura maior, se o custo Brasil for eliminado. No dia em que tivermos infra-estrutura que funcione, taxa de juros equivalente à da China, Índia, Argentina, Rússia e México, poderemos ter taxas de importação semelhantes às deles", afirmou.

A proposta brasileira, no entanto, não encontrou apoio no setor trabalhista. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) avalia que as medidas do governo poderiam afetar negativamente a indústria nacional. "A nosso ver, isso significa que as medidas de redução acentuada das tarifas de importação sugeridas podem afetar um grande leque de setores industriais, com reflexos no fechamento de empresas, desemprego e desnacionalização", afirma a entidade em nota divulgada à imprensa.