Cerca de 65% dos participantes da Marcha são jovens com menos de 30 anos

16/05/2005 - 19h16

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Marcha Nacional pela Reforma Agrária foi marcada pela participação de agricultores idosos na caminhada de mais de 200 km até Brasília. Essa resistência serviu de motivação para o grupo majoritário da marcha: a juventude. Cerca de 65% dos participantes da Marcha são jovens com menos de 30 anos, segundo a coordenação do evento.

Durante o trajeto, os jovens se destacaram pela participação ativa em grupos de teatro, na rádio itinerante e em outros eventos culturais. Rivaldo Gonçalves, 20 anos, assumiu a função de tocar viola para descontrair os conterrâneos de Minas Gerais, depois de quase 15 horas de caminhada por dia. No repertório, toadas características do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).

"É uma forma de contribuir. Se tivesse de tocar para os 12 mil companheiros, faria", brinca Rivaldo, que trabalha com o pai no cultivo de milho e feijão na área rural de Governador Valadares (MG). Nesta noite de segunda-feira, ele deixou de lado o violão para participar de uma assembléia de jovens no acampamento montado ao lado do estádio Mané Garrincha.

Um dos coordenadores da assembléia, o paraense Charles Trocate, 27 anos, disse que o encontro tem o objetivo de definir os princípios para a atuação dos jovens nos próprios estados após o fim da marcha. "Precisamos nos organizar mais do que já estamos organizados para levar adiante a nossa ação política, cultural e solidária", revelou Trocate, morador do assentamento Palmares.

"É tarefa da juventude lutar por terra, por trabalho e por educação. O campo é jovem. Há uma juventude que gosta de viver nele, e é no campo que muitos querem encontrar uma saída para sua vida, para a realização da reforma agrária", afirmou Trocate.